Obra de Vicente do Rego Monteiro resgatado por mim e vendido a Ranulpho Galeria.
VICENTE DO REGO MONTEIRO
PE- 1899 – PE-1970
UM TALENTO PRECOCE
O PEQUENO RODIN
Débora Monteiro Bastos (uma das irmãs de Vicente) lembra-se de Rego Monteiro quando, com 11 anos, foi para a França. “Em Paris todos o chamavam de “Le petit Rodin”, tal foi o talento que demonstrou possuir em seus primeiro trabalhos.”
1913 – aos 14 anos participa pela primeira vez no Salon dês Indépendents.
1915 – aos 16 anos quando a I Guerra Mundial começou, Vicente regressou ao Brasil. Na ocasião, comemorava-se o aniversario de Rui Barbosa. “Vicente fez um busto do estadista e ofereceu-lhe como presente. Essa peça está hoje na Casa de Rui Barbosa, no Rio”, conta Débora.
CITAÇÕES:
“Em todos os seus quadros revela sempre um alto senso decorativo, que atinge um delicioso equilíbrio de formas e de tons, dos mais belos que possamos conceber.” Monteiro Lobato O Estado de São Paulo, 1920
“A fantasia de Vicente do Rego Monteiro é rica. Ela tem uma visão deslumbrante e , para conduzi-la no caminho da criação artística, uma força imaginativa ardente.” Ruy Ribeiro Couto A Noticia, Rio, 1920
A remodelação estética do Brasil, iniciada na música de Villa-Lobos, na escultura de Brecheret, na pintura de Di Cavalcanti, Anita Malfati e Vicente do Rego Monteiro. Graça Aranha
“Os Picasso, os Matisse, os Derain procuraram, sem compromisso com as fórmulas clássicas, voltar ao sentimento dos antigos, à humanização da arte”, no dizer de um critico da época, o Sr. André Salmon. Se a missão desses homens, na Europa cansada e batida de tantos séculos de cultura, tem encontrado entusiasmos delirantes, que dizer de Vicente do Rego Monteiro, aqui onde tudo é novidade.” Ronald de Carvalho O Jornal, Rio, 1921
“Ótimo desenhista, de traço limpo, seguro, incisivo como o dos egípcios, este arqueólogo da alma antiga desenterra lindas fábulas e as veste com o garbo do seu temperamento bizarro e educado. Mas sem desprezar os meios que o futurismo oferece a quem os sabe usar com inteligência.” Enrico Castelli (Chin) O Imparcial, Rio, 1921
“É provável que Vicente do Rego Monteiro tenha sido de fato o principal, senão o único, cubista da mostra (...).” Antônio Bento, 1970 Sobre a Semana de Arte Moderna, 1922
“Por iniciativa do festejado escritor Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em São Paulo uma Semana de Arte Moderna, em que tomarão parte os artista que, em nosso meio, representam as mais modernas correntes artísticas. A parte de artes plásticas, exposta no saguão do teatro, é integrada pelos seguintes artistas: Escultura: Victor Brecheret, Hildegardo Leão Veloso e Wilheim Haaberg; Pintura: Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Emiliano di Cavalcanti, Ferrignac (Ignácio da costa Ferreira), Zina Aita, Martins Ribeiro, Oswaldo Goeldi, Regina Graz, Jonh Graz, J.P. de Almeida Prado e Eurico Castelo.” Noticia em “O Estado de São Paulo”, 29 de janeiro de 1922
Em Paris, Vicente do Rego Monteiro se lançou de uma maneira particular na estilização de motivos indígenas, procurando criar, ao lado de uma arte pessoa, a arte decorativa do Brasil.” Oswaldo de Andrade Conferência na Sorbonne, Paris, 1923
“Em vez de se dedicar comodamente à caligrafia acadêmica, Rego Monteiro repudiou essa tradição latina que sufoca geralmente os artistas do seu país para ressuscitar a influência da tradição indígena que deveria ser a primeira a provocar e inspirar todo artista brasileiro.” Maurice Raynal L’Intransigeant, Paris, 1925
Apresentação do catálogo de exposição individual – Galeria Fabre, Paris, 1925
“Toda grande ambição permanece estéril se um “métier” seguro, conciso, cuidadoso mesmo,s e uma consciência de obreiro não houver criado o molde onde se verta a concepção. Conheço Monteiro o suficiente para saber o cuidado com que ele executa as suas obras, ademais será suficiente, apenas, observá-las.” Ozenfant Paris – 1928
“Rego Monteiro, pintor dos raros que afirmaram a Paris e ao mundo que o Brasil existe artisticamente.” Menotti Del Picchia Correio Paulistano, 1930
“A gente, para quem a beleza é a Vênus de Milo, não pode compreender nem sentir o gênio de Picasso ou as pinturas de Vicente do Rego Monteiro.” Ascenso Ferreira A Provincia, Recife, 1930
“Há muito o que dizer de Vicente do Rego Monteiro: do pernambucano fiel e enraizado que elle continua a ser longe do seu pais: de sua arte juvenil, inocente, audaciosa, expressiva e de sua alta e pura imaginação. Isto ficará para outra vez quando, no Santa Izabel, a gente melhor do Recife ali passar para compreendê-lo e aplaudir. Antonio Freyre A Provincia – Recife, 1930
“Excelente pintor, desde cedo, com raros dons de invenção criador aperfeiçoou depressa a sua técnica, e depois de cominá-la para melhor utilizá-la em todos os sentidos, no livre jogo da aventura poética que não despreza absolutamente, Vicente assimilou as tendências da chamada “Escola de Paris”, imprimindo, entretanto, à sua obra caráter pessoal inconfundível.” Willy Lewvin Transcrito do Jornal de Letras Jornal do Comércio – Recife - 1937
“Monteiro encontra a harmonia e procura elevar-se a uma pureza da forma e da cor que em algumas das suas composições atingem evidente elegância. Essa arte de reflexão é contraria a toda espontaneidade. Ela testemunha contudo ao seu modo das audácias de uma bela mocidade. G.C.Gros Paris - 1937
“O que é feito do Vicente do Rego Monteiro, aquele fabuloso artista que estilizava as nossas lendas indígenas?” Anita Malfatti Trecho da conferência na Biblioteca Pública de São Paulo, 1939
A arte de Monteiro baseia-se sobre um espírito de pesquisa de curiosidade incessante, que vi a toda parte inventariar o planeta e seus habitantes, dele extrai o suco químico vegetal, mecânico, animal, humano, que o pintor transpõe na espiritualidade de suas obras nas quais dominam frequentemente altas, as tonalidades cor de mel. Géo-Charles Paris – 1948
E se algumas das suas gravuras coloridas impressionam pelo admirável e expressivo de suas cores, já outras é por não sei que delicado transparência como a de nuvens duma manhã de sol de inverno, por não sei que graça nobre, aguda, esbelta, que as envolve poeticamente. Olívio Montenegro Jornal do Brasil – Rio, 1957
“Se eu fora pintor; se tivesse trabalhado com Lurçat em Saint Cére, eu pintaria, eu teceria um homem, um operário à sua semelhança, e que seria iluminado, consumido por um sol interior. Isto seria amor, seria amizade. Essa criatura seria dominada, como você, pelo calor de viver, pela paixão de existir. Tal como você, esse homem imaginado teria amigos em todo o mundo, na ponta de cada raio. E se poderia com isto exclamar: “Ali está Monteiro, com seu pequeno ouriço terno e flamejante que o ilumina.” Pierre Segheres Revista Alternances, Paris, 1960
Vicente do Rego Monteiro é artista em toda a aceitação da palavra. Cria, inventa por necessidade interior. Porque é essa a sua maneira de se exprimir, de se dar, de se comunicar com o mundo. Nele o homem e a obra se confundem. Gilda Cesário Alvim Jornal do Brasil – rio, 1962
“Vicente do Rego Monteiro foi um dos primeiros artistas brasileiros a ter consciência da necessidade de possuir um vocabulário moderno. Soube, no momento do cubismo vitorioso, fugir dos plágios e criar, há uns 40 anos, um estilo próprio onde afirmou seu senso do classismo e da grandeza.” Na sua arte há um sentimento de equilíbrio e de plenitude particularmente indicado para as vastas decorações murais.” Raymond Cogniat Lê Figaro,Paris, 1963
“Há porém, na força rude de alguns destes quadros, muito especialmente nos de caráter religioso, a expressão de um sentimento peculiar que parece associar certas formas típicas da iconografia cristã luso-brasileira.” Antonio Dacosta Jornal do Comércio – Recife, 1963
“Estamos pois diante de um pintor histórico do modernismo brasileiro.” Geraldo Ferraz O Estado de São Paulo, 1966
“Vicente do Rego Monteiro, artista trinitário, pois domina três campos da Arte: a poesia, as artes plásticas e as artes gráficas, e com elas cria um universo individual, sensível e feérico.” Cassiano Nunes Conferência na Universidade de Brasília - 1966
“Vejam como a justiça surge – o professor Stanton Catlin da Universidade de Yale e diretor da Galeria de Arte do Center por Inter-American Relations de Nova York, escolheu, justamente, uma tela de Vicente para representar o Brasil na grande Exposição dos Precursores da Pintura Americana, desde 1860 até 1930.” Pietro M. Bardi São Paulo, 1967
Que a critica se cuide: este homem maravilhoso não é somente de hoje como será de amanhã. Claude Aveline Paris - 1967
“Mesmo que sua técnica depurada totalmente, podemos dizer que o Brasil o enfeitiçou e que ele é o mais brasileiro de todos os grandes pintores do nosso país.” Alberto Cavalcanti (cineasta) Correio Braziliense, 1967
“A Arte de Vicente do Rego Monteiro tende particularmente ao afresco, assim esperamos que a sua pátria como outros países também encomendem a ele que criou o “Muro da Poesia”, grandes murais, visto que sua arte independentemente da sua grande beleza pictórica, é a de um homem de coração, verdadeiro poeta, conciliada aos ritmos do futuro.” Pierre Menateau Correio Braziliense – Brasília, 1968
Ninguém, como pintor, mais digno da admiração brasileira do que Vicente. Nenhum artista, dentre os que, historicamente, pertencem à famosa Semana de Arte Moderna de 1922 (São Paulo), mais merecedor dessa admiração, do que esse recifense-parisiense a quem nunca faltou o sentimento pan-brasileiro. Gilberto Freyre Diário de Pernambuco, 1969
“Vicente não faz caricaturas sentimentais de tipicismo ou folclores. Não o adorno, mas a invenção-verdade; não a emoção pé-grande, comum ao ciclo social da década 50, mas a deformação sábia, própria de caldeus, astecas ou marajoaras.” João Câmara Filho Diário de Pernambuco, 1969
Merecendo elogios de críticos como Géo-Charles, Maurice Reynal, Jean Cassou, Ozenfant, G. C. Cros, com seus quadros adquiridos por instituições oficiais francesas e belgas, alvo da maior atenção de um critico de arte da agudeza de Bardi, com uma passagem pioneira nas artes brasileiras, o pintor histórico Vicente do Rego Monteiro, sempre aceitou o conselho de que a arte verdadeira pertence a todas as épocas. Assim sendo, não gosta de datar os quadros. É um pintor que será contemporâneo de nossos netos. Renato Carneiro Campos Diário de Pernambuco, 1969
A sua matéria tem um valor de emoção pela própria pintura, como por exemplo se podia sentir em Braque, tão diferente sob todos os aspectos e fundamentalmente Escola de Paris, deslocada para o Brasil. Tão profundo em suas cores que o Brasileiro sentiu na sua etapa de Semana de Arte Moderna. Tão dono de suas formas na sua pintura e no seu desenho. Silvia H. S. Jornal de Letras – Rio, 1969
Na noite anterior havia visto alguns trabalhos que ele vai expor, brevemente na Galeria Ranulpho. Vicente está numa fase excepcional, personalíssima, figurativa. Uma ceia larga que ele pintou é trabalho de mestre. Em nada fica a dever aos Dis e Pancetis e Portinari. José de Souza Alencar (Alex) Jornal do Comércio, 1969
Antes de qualquer coisa, quero dizer que os quadros de Vicente eram simplesmente sensacionais, dos mais lindos que já tive ocasião de ver. Nessa opinião não fico só, é a mesma de todos que estiveram na Galeria Ranulpho. João Alberto Diário de Pernambuco, 1969
“...é a Vicente, direta ou indiretamente, que se ligam todos os jovens pintores e gravadores do Nordeste, um Gilvan Samico, um João Câmara, todos tão preocupados em partir do regional para o nacional e o universal, infensos, aparentemente, às importações periódicas dos últimos ismos em moda. Senhor de um sólido métier de pintura, sabia Vicente como poucos o seu ofício; e era esse domínio técnico excepcional que lhe permitia evocar, com tanta leveza cromática, as formas escultóricas de suas figuras, tão táteis que quase saltavam no liso suporte bidimensional em que ganhavam vida.” José Roberto Teixeira Leite São Paulo, 1976
A VOLTA DO PIONEIRO
Vicente do Rego Monteiro foi um pioneiro e uma figura singular nos idos do nosso modernismo, que teve sua eclosão na Semana de 1922. A maior parte de sua vida se passou em Paris, no meio do mais efervescente vanguardismo, desde a primeira década a 1966, quando voltou ao Brasil, onde faleceu em 1970. Mas esse tempo todo ele não se esqueceu de criar um estilo inconfundível e coerente, partindo de três influencias principais: a arte indígena de Marajó, o art deco e o cubismo estilizado, com certa semelhança ao de Léger. Foi um dos nossos maiores pintores. Eis a razão por que é justa a homenagem que a Galeria Ranulpho (São Paulo) lhe presta. Flávio de Aquino RevistaManchete, 11 de junho de 1983.
"Stendhal disse no século 19 que o mundo só tinha duas cidades: Nápoles e Roma. No século 20, Vicente do Rego monteiro retrucou: Recife e Paris. Recife foi onde ele nasceu, em 1899, e onde morreu, em 1970. Paris foi o lugar onde o pintor brasileiro se alimentou para produzir uma das obras mais notáveis do inicio do nosso modernismo, uma pintura entre o art deco e o construtivo, de cores neutras, em geral tendendo para o castanho e o vermelho, e figuras estilizadas que, uma vez vistas, podem ser reconhecidas de imediato.” Reynaldo Roels Jr. Jornal do Brasil, 1987
“ Recentemente, inaugurou-se em Echirolles, perto de Paris, o Museu Géo-Charles, com uma retrospectiva de Vicente do Rego monteiro. A homenagem não partiu de nós, nem de nosso Governo. Foi um projeto exclusivamente francês, demonstrando que Vicente do Rego Monteiro já não é um caso regional, mas um patrimônio do mundo contemporâneo.” Walmir Ayalka Jornal do Commércio/Rio, 1987
“Nascido em Pernambuco, em 1899, Vicente do Rego Monteiro só veio a ocupar o primeiro plano da pintura brasileira na década de 70, cinqüenta anos após ter pintado os seus mais belos quadros. Um dos principais expoentes da Semana de Arte Moderna, morando permanentemente em Paris, naquela época, expunha regularmente e era admirado por críticos como Maurice Raynal e marchands como Leonce Rosemberg, que foi durante o período da Primeira Guerra mundial o marchand de Picasso. Definia-se então, cada vez mais, como um pintor da Escola de Paris.” Tribuna da Imprensa, Rio, 1987 “Em Paris, por sua vez, passada a fase áurea dos anos de 1920, quando pertencera à Galeria L’Éffort Moderne, de leonce Rosemberg, tendo a companhia, entre outros, de Picasso, Braque, Léger, Severini, Gris e Ozenfant, o artista pagou o tributo ao afastar-se da França para um longo retorno ao Brasil (1930-46).” Walter Zanini O Estado de São Paulo, 1990
A VICENTE DO REGO MONTEIRO
Eu vi teus bichos mansos e domésticos. um motociclo gato e cachorro. estudei contigo um planador, volante máquina, incerta e frágil. Bebi da aguardente que fabricaste, servida às vezes numa leiteira. Mas sobretudo senti o susto de tuas surpresas. E é por isso que quando a mim alguém pergunta tua profissão não digo nunca que és pintor ou professor (palavras pobres que nada dizem de tais surpresas); respondo sempre: - É inventor, trabalha ao ar livre de régua em punho, janela aberta sobre a manhã.
João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto, Poesias Completas, 3ª ed., Livraria José Olympio. Editor, Rio de Janeiro, 1979. Aparece também no livro “O Engenheiro”, Ed. Amigos da Poesia, 1945.
EXPOSIÇÕES DE VICENTE DO REGO MONTEIRO
(Levantamento parcial)
COLETIVAS
1913 – Salon dês Indépendants. Paris
1922 – Semana de Arte Moderna. São Paulo
1923 – Salon dês Indépendants. Paris
1923 – Salon dês Tuileries. Paris.
1924 – Salon des Indépendants. Paris.
1924 – Salon des Tuileries. Paris.
1925 – Salon des Indépendants. Paris
1925 – Salon d’Autonne. Paris.
1927 – Salon d’Autonne. Paris
1928 – Salon des Indépendants. Paris.
1929 – Salon des Indépendants. Paris.
1930 – 1ª Exposition du Groupe Latino-Américain de Paris, Galerie Zack. Paris
1930 – Salon des Surindépendants. Paris.
1930 – Salon 1940. Paris.
1930 – L’École de Paris. Teatro Santa Izabel. Recife.
1930 – Lécole de Paris. Palace Hotel. Rio de Janeiro.
1930 – L’École de Paris. Palacete Glória. São Paulo.
1931 – Salon dês Surindépendants. Paris.
1937 – Galeria Kátia Granoff. Paris.
1942 – Salão do Estado. Museu do Estado. Recife.
1943 – Idem
1952 – Exposição comemorativa de 1922. Museu de Arte Moderna de São Paulo.
1960 – Exposição Dessis et Peintures à l’Eau. Galeria Yves Michel. Paris.
1965 – Hommage au poete Géo charles. Galerie de L’Institut. Paris.
1966 – Galerie Debret. Paris.
1967 – Galerie kátia Granoff. Paris.
1970 – Prévia da Pré-Bienal, Pavilhão Fecin. Recife.
1970 – Exposição Resumo. J.B - Jornal do Brasil, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
INDIVIDUAIS
1918 – Galeria Elegante, Recife.
1919 – Recife
1920 – Associação dos Empregados do Comércio. Rio de Janeiro.
1920 – Livraria Moderna. São Paulo.
1921 – Recife.
1921 – Teatro Trianon. Rio de Janeiro.
1925 – Galerie Fabre. Paris.
1928 – Galerie Bernheim Jeune. Paris.
1947 – Galerie Visconti. Paris.
1956 – Galerie de l’Odéon. Paris.
1957 – Clube dos Seguradores e Banqueiros. Rio de Janeiro.
1958 – Galeria Royale. Paris.
1961 – Galerie Rozenblit. Recife.
1962 – Galerie Ror Volmar. Paris.
1963 – Galerie de la Baume. Paris.
1964 – Galerie R.G. Paris.
1966 – Museu de Arte de são Paulo. São Paulo.
1969 – Galeria Ranulpho. Recife.
1969 – Galeria Barcinski. Rio de Janeiro.
1970 – Galeria Ranulpho. Recife.
1971 – Retrospectiva no Museu de Arte Contemporânea, na Universidade de São Paulo.
1976 – Tableau Artes Plásticas. São Paulo.
1983 – Galeria Ranulpho. São Paulo.
1986 – Retrospectiva no Museu Géo-Charles, em Echirolles. França.
1993 – Studio José Duarte Aguiar. São Paulo.
1994 – Galeria Ranulpho. São Paulo.
1997 – Retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo
1997 – Ricardo Camargo – Galeria
2001 – Galeria Ranulpho - Recife
OBRAS EM MUSEUS
1927 – Museu de Grenoble (França) – Combate de Boxe
1930 – Museu do Estado de Pernambuco – Diana
1937 – Musé du Jeu de Paume, Paris – L’Enfant et lês Bêtes
1951 – Musée National d’Arte Moderne Paris – L’Adoration dês Berges
1958 – Palais des Congrés, Liége, Bélgica – Les Paveurs, Vacher
1958 – Musée National d’Arte Moderne, Paris – La Chasse
1960 – Museu do Açúcar, Recife – O Cambiteiro
1964 – Musée National d’Arte Moderne, Paris – Lê buverus
1966 – Museu de Arte Moderna, Bahia – Calceteiros
1966 – Museu de Arte Moderna, Bahia – Fuga par o Egito
1967 – Museu de Arte de Campina Grande – A Ceia
1968 – Museu de Arte Contemporânea de são Paulo – Pietá
1969 – Museu do Açúcar, Recife – Carro de Boi
1969 – Museu do Açúcar, Recife – Aguardenteiro
1969 – Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas sociais, Recife – O Burrinho das Telhas
1970 – Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, Recife – Jarra Antropomorfa
1970 – Museu de Arte Moderna, Rio – A Banhista
OBRAS DE VICENTE EXPOSTAS NA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
RETRATO DE RONAL DE CARVALHO
RETRATO
RETRATO
CABEÇAS DE NEGRAS
CABEÇA VERDE
BAILE NO ASSYRIO
LENDA BRASILEIRA
LENDA BRASILEIRA
CUBISMO
CUBISMO
VICENTE, O PENSAMENTO
A vida é tudo o que tenho. A vida e somente a vida. É sobre ela que estou construído a minha obra.
Para mim só existem duas cidades: Recife e Paris.
Sou um homem apaixonado das coisas artesanais. Não sou como o fotógrafo que manda revelar seus filmes, mas aquele que fará todo o trabalho sozinho.
Justificando minha obra que foi pequena e massacrada, Incendiada, roubada, desaparecida, pretendo reconstruí-la, como Se reconstrói um prédio danificado.
Minha obra Carrossier foi roubada da Embaixada do Brasil durante a ocupação nazista de Paris.
Ao reconstruí minha obra perdida, para o Brasil, pretendo dar-lhe o tamanho ideal que projetei para ela: o mural.
A vanguarda no Brasil vive infelizmente de plágio, o que não acontece em outros países onde a vanguarda nasce da necessidade de criar novas linguagens.
A pesquisa é necessária, mesmo para não se fazer. Nada é mais difícil do que manejar o lápis, e nada mais medíocre do que o desenhista que não sabe desenhar.
O que é autêntico volta. A moda é uma ilusão.
Na escultura, na pintura, quando o individuo é artesão sempre traz algo de novo. Admito quando há, atrás do experimentador, alguma coisa mais. Ai pode se lançar à recuperação da sucata. Onde há somente o material, há o vazio.
O absurdo é o senso comum dos artistas, dos poetas e dos loucos.
A “verdade” é o senso comum dos sectários.
Todo o artista, ou poeta, deve diariamente bater seu próprio record.
A arte e a poesia, não possuindo fins utilitários, suas revoluções existem em estado permanente.
Para mim um quadro é um problema plástico que posso resolver muitas vezes e que não se fossiliza no tempo. É um desafio que me proponho.
Minha pintura não poderia existir antes do Cubismo, que me legou as noções de construção, luz e forma.
Quando estou com sono durmo uma ou duas horas e me levanto para trabalhar e fazer o que bem quiser. Sigo o regime dos gatos.
A cor depende do assunto que quero tratar. Não sou pelo abuso. Prefiro as cores construtivas, corres terra. Sou terráqueo, essencialmente terrestre.
Minhas influências: o Futurismo, o Cubismo, a estampa japonesa, a arte negra, a Escola de Paris, nosso Barroco e sobretudo a arte do nosso ameríndio na Ilha de Marajó.
Como cubista sou construtivista.
Claro que sinto atração pelos novos materiais, como todo artista-artesão na sua época. Se os primitivos possuíssem os compensados, os duratex, os celotex, as tintas sintéticas, por certo os utilizariam.
Pinto desde criança, há tantos anos que não saberia explicar o porquê. Contudo creio que pintar é uma linguagem, um meio de comunicação tão velho como o mundo.
Tenho um grande respeito pelo espaço. O espaço para o artista é como o oceano para o marinheiro. Pode ser vida e morte.
É preciso viver, pintar e ter paciência. Só acredito no poeta que morre pela sua poesia.
LIVROS PUBLICADOS SOBRE VICENTE
VICENTE INVENTOR Texto de Walmir Ayala (Prêmio FUNARTE de monografia – 1979)
VICENTE DO REGO MONTEIRO Pintor e Poeta Editores 5ª – Cor – Rio de Janeiro, 1994
VICENTE DO REGO MONTEIRO Artista e Poeta Walter Zanini – 1997
VICENTE DO REGO MONTEIRO Um Brasileiro da França Maria Luiza Guariere Atik – 2004
VICENTE DO REGO MONTEIRO Poeta Tipógrafo Pintor Textos em Português e Francês - 2004
CRONOLOGIA
1899 - Ao findar do século, nasce no Recife a 19 de dezembro, Vicente, filho de Idelfonso do Rego Monteiro e de Elisa Cândida Figueiredo Melo, prima do pintor Pedro Américo Figueiredo Melo, e de Aurélio de Figueiredo, tendo como irmão José, e Joaquim, como ele, pintor, ambos falecidos muito jovens, e as irmãs Fédora, pintora, e Débora, escritora.
1908-1911 – Desde cedo, no Rio, inicia-se nas artes, por convivência com a irmã Fédora, aluna de Eliseu Visconti e Zeferino da Costa, a qual sempre acompanhava em suas aulas e trabalhos.
1911 – Em companhia de sua mãe, e de seus irmãos José e Fédora seguem para Paris, onde freqüenta a Academia Julian e a Academia Colarossi.
1913 – Expõe pela primeira vez no Salon dês Indépendants junto com a irmã.
1914 – Nesta época, assiste aos balés russos com Nijinski e Karsavina, no Théâtre dês Chamnps Elysées, espetáculos que lhe deixam profundas impressões.
1915 – em conseqüência da guerra, volta para o rio, onde vem morar na Pensão das Águias, na antiga Avenida Central, indo residir em Ipanema.
1915/1916 – Executa em gesso o busto de Rui Barbosa, influenciado por Rodin, mais tarde fundido em bronze, na fundição Zani, em 1941, por ocasião do centenário de Rui, e que se encontra hoje na Casa de Rui Barbosa. A época publica a foto de Vicente junto ao busto. Neste período é fascinado pela música de Pixinguinha – “O meu boi morreu, que será de mim”, e outras.
1917 – No Recife, participa do concurso para o monumento aos heróis da revolução de 1817, que, por seu estilo modernista e com sua pouca idade, não consegue vencer, não obstante as boas criticas recebidas.
1918 – assiste à apresentação de seis espetáculos de Ana Pavlova no Teatro Santa Isabel do Recife, com elenco da Companhia de Bailados Clássicos, e o seu interesse pelo balé se renova. Faz diversos desenhos e croquis, surgindo então a idéia de um bailado puramente nacional, inspirado nas lendas indígenas brasileiras. Primeira exposição no Recife de Fédora. Primeira referência a Vicente do Rego Monteiro na imprensa: Diário de Pernambuco em 22 de julho de 1918 quando expõe na Galeria Elegante o Retrato do Sr. Sardar.
1919 – Expõe pela segunda vez no Recife quadros de pequeno formato e aquarelas com motivos indígenas.
1920 – Inaugura sua primeira exposição em São Paulo, na Livraria Moderna de jacinto da silva, ocasião em que conhece Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Pedro Alexandrino, Victor Brecheret. Monteiro Lobato elogia a exposição no O Estado de são Paulo. Expõe no saguão da Associação dos Empregados do Comércio de Recife, mostra saudada no jornal A Noticia do Rio, pelo poeta Rui Ribeiro Couto. No Rio de Janeiro, visita e estuda a coleção de cerâmica indígena da Ilha de Marajó no Museu da Quinta da Boa Vista. Pinta o retrato do Rui Ribeiro Couto, de sua mãe e o primeiro de uma série de seu irmão Joaquim.
1921 – Acompanha seu irmão enfermo José, e conhece cidades mineiras – Ouro Preto, Congonhas do Campo, Sabará e Belo Horizonte, sofrendo influência do barroco mineiro. Com a morte de seu irmão, volta ao Rio. Expõe no foyer do Teatro Trianon, aquarelas inspiradas na vida e nas lendas indígenas e recebe uma crítica elogiosa do poeta Ronald de Carvalho em O Jornal. O famoso cronista João do Rio admira a sua pintura. O marchand catalão Togores de passagem no Rio de Janeiro se interessa por sua obra. Pinta o retrato do Ronald de Carvalho Em setembro viaja a Paris, deixando com Ronald de Carvalho oito óleos e aquarelas que por iniciativa do poeta serão expostos na Semana de Arte Moderna de 22 em São Paulo.
1922 – A realização da Semana de Arte Moderna, uma idéia de Di Cavalcanti, com apoio de Marinette e Paulo Prado, faz Graça Aranha afirmar: “A remodelação da estética do Brasil é iniciada na música de Villa-Lobos, na escultura de Brecheret e na pintura de Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Vicente do Rego monteiro.” Reencontra em Paris o marchand Togores, que o apresenta a Zborowski, marchand de Modigliani, soutine e Foujita. Em Paris, em companhia de seu irmão Joaquim encontra um ateliê na Rue Gros. Conhece Gilberto Freire e faz seu retrato, viajando juntos a Alemanha para conhecer o expressionismo alemão. De volta a Paris, pinta vários retratos influenciado pelo estilo de Foujita, entre os quais de Alberto Cavalcanti na época arquiteto mais tarde célebre cineasta de vanguarda. O quadro a Crucifixão define seu novo estilo, e o começo de uma pintura de tema religioso, uma constante em sua obra.
1923 – Ilustra o livro Légendes, croyances et talismans dês Indiens de l’Amazone, com texto adaptado por Louis Ducharte, Editions tolmer, Paris, tiragem de 60 exemplares. São lendas e crenças Tupis e Tapuias, canções de Botocudos e um estudo comparativo dos símbolos da cultura de Marajó com as do antigo México, China e Egito. Desenha os costumes e máscaras de Légendes indiennes de l’Amazone para o recital de dança do bailarino tcheco Malkowsky, no teatro Femina. Passa uma temporada em Nice em companhia do seu irmão Joaquim, pinta A caçada obra de inspiração marajoara que se antecipa ao movimento antropofágico. Amizade com Victor Brecheret encontra Tarsila do Amaral. Oswald de Andrade lhe faz uma referência elogiosa em conferência na Sorbonne. Volta a expor no Salon dês Indépendat e pela primeira vez no Salon dês Tuileries. Faz parte do grupo de artistas da galeria e revista L’Effort Moderne de Leonce Rosenberg. Conhece o milionário e colecionador americano de primitivos italianos, Phillip Lehman, que durante anos o prestigia.
1924 – Viaja à Nice; com As Nadadoras inicia o tema dos esportes. Realiza uma grande composição Os calceteiros, pungente quadro de inspiração social considerada sua melhor obra. Em Vittel pinta A descida da cruz, Mater dolorosa, As religiosas, A mulher sentada. Expõe no Salon dês Indépendants e no Salon dês Tuileries. Desenha a capa e ilustra o livro Montmartre em 1925, de Jean Gravigny, Éditions Montaigne, com 21 mil exemplares, um verdadeiro guia da vida noturna de Montmartre. Ilustra o livro: Découvertes sur la dance, de Fernand divoire, capta em poucos e expressivos traços os movimentos de Pavlova, Karsavina, Nijinski e Dourga, grande dançarina africana, ao lado de outras ilustrações de Bourdelle e André Domin.
1925 – Casa-se com a parisiense Marcelle Louis Villard e ao fazer seu retrato, pinta A mulher e o galgo. Realiza a sua primeira exposição individual em Paris na Galerie Fabre, com 25 telas, apresentado por Maurice Raynal, importante crítico do cubismo. A Bretanha em Quiberon lhe inspira O marinheiro e à bretã. Edita Quelques visages de Paris, com introdução de Fernand Divoire, tiragem de 300 exemplares. São impressões de um chefe indígena, em singelos versos cheios de humor, diante dos lugares mais famosos de paris que se transformam em signos, através de um depurado desenho geométrico. Expõe no Salon dês Indépendants e no Salon d’Automne. Malkowsky apresenta as Legendes no Théatre dês Champs Elysées. Um incêndio no seu novo ateliê na Avenue du maine em Montparnasse destrói várias de suas telas. O ano de importantes obras: Adoração dos magos, A santa ceia, Um copo de vinho, O atirador de arco, duas versões de O Carroceiro, O urso, O lobo e a ovelha, e O menino e os bichos, síntese de seu envolvimento com o tema animalista.
1926 – Expõe no Salon dês Indépendants, na seção cubistas e neo-cubistas, A mulher e o galgo. Phillip Lehman adquire A virgem e o menino.
1927 – Pinta. O combate e a primeira versão de Tênis, muda-se para um grande apartamento na Avenue Junot. Participa da curta metragem de Alberto Cavalcanti, La p’tite Lili, ao lado de ?Catherine Hessling e jean Renoir.
1928 – Expõe na Galeria Berheim Jeune com apresentação do pintor Amédée Ozenfant, criador, com Lê Corbusier, do purismo. Expõe no Salon dês Indépendants. Pinta o Batismo de Cristo. Conhece o escultor espanhol Pablo Gargallo, que faz seu retrato em cobre recortado, e o apresenta ao poeta e critico Géo-Charles (Charles Guyot) que será seu melhor amigo e defensor de sua obra.
1929 – Recebe influência do surrealismo, nos quadros O duelo, A moderna degolação de São João Batista e Uma bela da noite. Conhece o escultor argentino Pablo Curatella Manes. Participa da corrida de automóveis nas pistas de Cote de Moulineaus com um Rally.
1930 – Participa da 1ª Exposição do Grupo Latino-Americano em Paris, na Galeria Zack, com Orozco, Rivera, Torres-Garcia, Figari e outros artistas latino-americanos. Funda com os seus colegas da Escola de Paris o Salon dês Indépendants.
Participa da organização do Salon Avant-Gard 1940.
Torna-se co-diretor, com Géo-Charles, da revista Montparnasse. Traz para o Brasil a primeira exposição de arte moderna da Escola de Paris, que organiza com o seu amigo e crítico de arte, o poeta Géo-Charles. Levada inicialmente ao Recife par o Teatro Santa Izabel, depois para o hotel Palace, no Rio de janeiro, e, em são Paulo, para o Palacete glória, essa exposição foi considerada um grande acontecimento artístico do ano que coincide com a inauguração da Casa Modernista de Warchavchink, fatos que contribuíram para a consolidação da arte moderna no Brasil. Essa mostra pioneira, que contava com cerca de 90 obras, dentre os quais Braque, marcoussis, Dufy, Léger, Picasso, Lurçat, Papazoff, Vlaminck, Herbin, Miro, Lhote, foujita e muitos outros, como também quadros de Vicente, de seu irmão Joaquim, e de Tarsila, que Vicente incluiu na mostra de São Paulo. Poderia, no dizer do seu amigo Bernard Lorraine, ser comparada, em suas conseqüências, para o Brasil, como a do Armory Show realizada em Nova York em 1913, para o Estados Unidos.
Anos mais tarde, em paris, o pintor Carlos da Cunha, dirigindo-se a Géo-Charles, lhe diria: “O senhor não me conhece mas eu o conheço. Quando jovem, vi a sua exposição da Escola de Paris no Rio, que muito me impressionou e que exerceu grande influência sobre mim e outros jovens artistas da época, pela grande utilidade que nos trouxe.” Menotti del Picchia escreve no Correio Paulistano: “Rego Monteiro, pintor dos raros que afirmam a Paris e ao mundo que o Brasil existe artisticamente.” Convidado por Oswald de Andrade para participar do movimento antropofágico, declina do convite, por achar não lhe foi dado o devido reconhecimento de pioneiro deste movimento.
1931 – Expõe no Salon dês Indépendants. Corre no Grande Prêmio do Automóvel Clube da França com uma Demo.
1932 – Em conseqüência da Depressão de 1929, que atinge o mundo inteiro, retorna ao Brasil e se instala com sua mulher Marcelle no engenho Várzea Grande, nos arredores de Gravatá. A má administração do engenho de um cunhado seu, o leva a assumir a direção e fabricando então a famosa cachaça “Caninha Cristal”, conhecida em todo o Nordeste e cantada em verso por João Cabral de Melo Neto na obra Vida e morte Severina. Inicia colaboração na revista Fronteiras, de Manuel Lubambo, de tendência católica e nacionalista.
1933 – Continua sua colaboração na revista Fronteiras onde, entre outros, colaboram Willy Lewin e Arnóbio Tenório Wanderley, responsável pela produção gráfica.
1934-1935-1936 – Com Silvagni, que fora assistente de Carl Dreyer, roda um documentário pelo interior de Pernambuco, onde é ao mesmo tempo produtor, co-autor e intérprete – fato assinalado em Paris pelo jornal L’Intransigeant de 4/9/34 - , mais tarde exibido no Cinema dês Folies Dramatiques. Morte de seu irmão Joaquim em Paris, em 1934. Começam a surgir os desenhos de sua escassa produção dos anos 30. Trata-se de estudos de aguadeiros, aguardenteiros, cabideiros e a Nossa Senhora que mais tarde se tornarão temas de sua pintura.
1937 – Realiza uma série de desenhos representando os quatorze passos da Via Crucis, publicados em 1977, num volume editado pela Mirante das Artes com prefácio de Pietro Maria Bardi. Viaja a Paris, e por ocasião da Exposição Internacional, decora a capela do Brasil no Pavilhão do Vaticano, com uma grande tela – A Virgem , recebendo uma crítica elogiosa do poeta Adolphe de Falgairolle no Lê petit marseillais. Expõe na Galeria Kátia Granoff. O quadro O menino e os bichos é adquirido para a coleção do Jeu de Paume. Pinta o retrato de Lucienne Géo-Charles.
1938 – A aproximação da guerra na Europa o faz voltar a Pernambuco; pelo interventor do Estado Agamenon Magalhães é indicado para o cargo de diretor da Imprensa Oficial do Estado, sendo nomeado também professor de desenho do Ginásio de Pernambuco. Desliga-se da revista Fronteiras por não concordar com a posição radical assumida por esta.
1939 – Junto com o seu cunhado Edgar Fernandes, funda a editora e revista Renovação, cujo objetivo é a educação popular, e atua como programador gráfico, ilustrador e responsável por várias seções: artes, turismo, teatro, economia, etc.
1940 – Em sua casa no bairro Madalena, Monteiro e Marcelle recebem todos que se interessam por pintura e poesia Ali, as paredes são decoradas com quadros de seus amigos parisienses: Marcussis, Herbisn, Derain, dele próprio e do irmão Joaquim.
1941 – A Renovação impressa por Monteiro num prelo manual muda de formato tornando-se menor e tratando basicamente de assuntos literários, com periodicidade irregular. Colaboram na revista jovens poetas: João Cabral de Melo Neto, Ledo Ivo, Willy Lewin, Odorico Tavares, Caio de Souza Leão, entre outros. Publica Poemas de bolso. – “Mon onde...” desperta admiração de Georges Bernanos – durante a guerra refugiado em Barbacena. Realiza o 1º Congresso de Poesia do Recife, em sua casa com a participação de João Cabral de Melo Neto, Ledo Ivo, Nilton Sucupira, Antonio Rangel Bandeira, Benedito Coutinho e outros.
1942 – Expõe no Museu do Estado uma série de naturezas-mortas O mundo que a cafeteira criou, participa do Salão do Estado e ganha com uma natureza-morta (Estudo 31 série R) o 1º prêmio do Salão de Pintura.
1943 – Expõe no Salão do Estado, onde conquista novamente o prêmio principal. Publica A chacun as marotte, Editora Renovação, Recife.
1944/45 – Colabora ativamente durante a guerra no programa de rádio da PR-8 (Recife) a favor da Resistência Francesa, com artigos, desenhos e poemas na revista Renovação. Recebe a visita do jornalista, escritor e poeta francês Michel Aimon. A Secretaria do Interior de Pernambuco edita a primeira monografia sobre sua pintura, em português e francês. A editora Renovação publica 3 números do Caderno de Poesia.
1946 – Organiza o 2º Congresso de Poesia do Recife, com Edson Regis, Ariano Suassuna, Carlos Moreira e publica Canevas pela editora Renovação, um longo poema em homenagem a Gauguin dedicado a seus amigos Lucienne e Géo-Charles com prefácio de Pierre Seghers. Viaja a Paris.
1947 – Realiza uma exposição na Galeria Visconti, apresentada por Géo-Charles, com obras da década de 20 e 40. Participa do movimento epifanista de Henri Perruchot, uma tentativa de aproximação entre materialismo e espiritualismo.
1948 – Lança a editora L apresse à brás e na sua prensa manual inicia com Menaces de mort de Pierre Seghers, a impressão de versos de poetas franceses e alguns brasileiros e também de suas próprias obras. Publica seus versos Lê petit cirque, com prefácio de Henri Perruchot. Organiza o 1º Muro de Poesia no Salão de Maio em colaboração com Edmond Humeau, Gaston Criel e Silvaire.
1949 – Pinta O vaqueiro tema de outras variantes nos anos 60. Participa do 2º Muro de Poesia no Salão de Maio, que continuará a acontecer até 1952.
1950 – Publica seus poemas em dois livros: Chants de fer e Beau sexe.
1951 – É cada vez maior o seu envolvimento com a poesia e seus amigos poetas.
1952 – Organiza em Paris, com poetas da sua editora L apresse à brás o 1º Congresso Internacional de Poesia; em colaboração com Edmond Humeau e Jean Cassou, funda o Salon de Poésie, que realizaria todos os anos, no La Coupole, em Montparnasse. Publica Clowneries, onde se encontra o seu belo soneto “La ballerine et lê clown.” Colabora até 1956 no Cahiers Luxembougeois como crítico de poesia. Publica seus versos Concrétion e Cartomancie. Seu nome é incluído no 30º aniversario da Semana de Arte Moderna de 22, organizado pelo Museu de Arte Moderna de são Paulo.
1953 – Expõe caligramas no Salon de Poésie, seu livro Vers sur verre é editado por Pierre Seghrs. O Museu de Arte Moderna de Paris adquiri o quadro Adoração dos pastores, de 1927.
1954 – Sua fantasia radiofônica Lê pari vai ao ar pela Rádio Difusão e Televisão Francesa. Publica a poesia de Paulo Gilson, Lê grand dérangement. Suas obras, ao lado das de Fédora e Joaquim, são expostas no Teatro Santa Isabel, no Recife.
1955 – Sofre um infarte quando imprimia o livro, La Bête qui mangeait lês jouts de Paul Gilson. Durante sua permanência no hospital Broussais, escreve 35 sonetos que farão parte do livro Broussais-La Charité. O grande poeta surrealista Philippe Soupault, autor (com Breton) de Champs magnétiques, lhe dedica um programa na Rádio difusão e Televisão Francesa. Recebe o prêmio Mandat dês Poetes. Restabelecido do enfarte, dedica-se a imprimir obras de poetas brasileiros – Mário de Andrade, Vinicius de Morais e outros. Inicia a gravação de discos onde poetas brasileiros e franceses recitam seus próprios versos.
1956 – Com uma carta-prefácio de Georges Bernanos, Pierre Seghers edita Mon onde était trop courte pour toi, titulo de um poema de 1941. Expõe monotipias em preto e branco e a cores na Galeria de L’Odéon com prefácio de Pierre Seghers. No Salon de Poésie seus poemas e monotipias são apresentadas por Silvagni. Seus poemas e caligramas são publicados no Recife. Edita duas plaquetas de Ribeiro Couto.
1957 – Volta para o Brasil após mais de 11 anos de ausência, sendo nomeado professor de pintura da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Realiza uma exposição de monotipias no Recife e também no Clube de Seguradores e Banqueiros no Rio de Janeiro, esta organizada pelo seu amigo Odilon Ribeiro Coutinho. No Recife colabora no Jornal do Commércio e a Coleção Concórdia publica seu livro Broussais-La Charité.
1958 – Expõe na Galeria Royale em Paris pinturas antigas e recentes junto com Solot. O Palais dês Congrès de Liége adquire Os Calceteiros de 1924 e O Vaqueiro de 1949. Pierre Seghers publica em Paris Broussais-La Charité. Volta no final do ano ao Recife.
1959 – O Museu Nacional de Arte Moderna de Paris adquire A Caçada, de 1923.
1960 – Ganha com sua obra poética Broussais-La Charité o premio literário Guillaume Apollinaire, que divide com Marcel Bealu. Expõe desenhos numa mostra coletiva Dessis et peintures à l’eau, na Galeria Yves Michel, em Paris. A revista Alternances dedica três cadernos em homenagem a Monteiro.
1961 – Publica Chiromancie pela Coleção Concórdia, expõe poemas e caligramas na Galeria Rozemblit no Recife.
1962 – Expõe em Paris na Galeria Ror Volmar com apresentação de Géo-Charles.
1963 – Na Galeria de la Baume apresenta uma grande exposição com 50 obras, das décadas de 20,40 e 60; assina um contrato de exclusividade com a galeria e nomeia Géo-Charles seu representante. O contrato foi desfeito no mesmo ano em conseqüência da morte de Géo-Charles.
1964 – Envia para a Bienal de são Paulo vários quadros que são recusados pelo júri. Expõe na Galeria RG com prefácio de André Salmon 40 obras dos anos 40 a 60. O museu de Arte Moderna de Paris adquire Um copo de vinho, de 1925. De volta ao Recife, integra o grupo da Galeria Ateliê da Ribeira em Olinda.
1965 – É nomeado diretor de turismo da Prefeitura de Olinda e faz parte do Ateliê + 10, com João Câmara Filho, Wellington Virgolino, José Cláudio, Montez Magno, Anchises Azevedo e Maria Carmem, entre outros. Participa da exposição “Hommagem au poete Géo-Charles”, na Galeria de l’Institut, em Paris.
1966 – É nomeado professor do Instituto de Arte de Brasília, diretor da gráfica piloto e supervisor do Departamento de Artes Industriais. Realiza uma exposição no Museu de Arte de São Paulo. Participa de coletiva de artistas brasileiros radicados na França na Galeria Debret, em Paris.
1967 – Participa de coletiva na Galeria Kátia Granoff e de uma individual na Galeria Debret, com apresentação de Jean Cassou e Claude Aveline. Dirige a seção Turismo do Correio Braziliense. Participa da mostra Artists of the Western Hemisphere – Precursors of Modernism, 1860-1930, no Center of Inter-American Relations, de Nova York, com quadro, “Tênis” de 1929.
1968 – Em Paris organiza o XVI Salão de Poesia, em Brasília seu ateliê é invadido e várias obras destruídas.
1969 – Sua poesia Mon onde... é incluída no Livre d’or de la poésie française, editado por Pierre Seghers. Expõe obras recentes na Galeria Ranulpho no Recife com apresentação de Gilberto Freyre. No Rio, expõe na Galeria Barcinski, apresentado por Walmir Ayala.
1970 – Participa da Pré-Biena-Nordeste no Recife. Expõe novamente na Galeria Ranulpho. Morre de enfarte em 5 de junho no Recife, quando se preparava para viajar para o Rio de janeiro, a fim de participar da exposição “Resumo”, mostra das dez melhores exposições do ano de 1969 – patrocinada pelo Jornal do Brasil, no Museu de Arte Moderna.
PE- 1899 – PE-1970
UM TALENTO PRECOCE
O PEQUENO RODIN
Débora Monteiro Bastos (uma das irmãs de Vicente) lembra-se de Rego Monteiro quando, com 11 anos, foi para a França. “Em Paris todos o chamavam de “Le petit Rodin”, tal foi o talento que demonstrou possuir em seus primeiro trabalhos.”
1913 – aos 14 anos participa pela primeira vez no Salon dês Indépendents.
1915 – aos 16 anos quando a I Guerra Mundial começou, Vicente regressou ao Brasil. Na ocasião, comemorava-se o aniversario de Rui Barbosa. “Vicente fez um busto do estadista e ofereceu-lhe como presente. Essa peça está hoje na Casa de Rui Barbosa, no Rio”, conta Débora.
CITAÇÕES:
“Em todos os seus quadros revela sempre um alto senso decorativo, que atinge um delicioso equilíbrio de formas e de tons, dos mais belos que possamos conceber.” Monteiro Lobato O Estado de São Paulo, 1920
“A fantasia de Vicente do Rego Monteiro é rica. Ela tem uma visão deslumbrante e , para conduzi-la no caminho da criação artística, uma força imaginativa ardente.” Ruy Ribeiro Couto A Noticia, Rio, 1920
A remodelação estética do Brasil, iniciada na música de Villa-Lobos, na escultura de Brecheret, na pintura de Di Cavalcanti, Anita Malfati e Vicente do Rego Monteiro. Graça Aranha
“Os Picasso, os Matisse, os Derain procuraram, sem compromisso com as fórmulas clássicas, voltar ao sentimento dos antigos, à humanização da arte”, no dizer de um critico da época, o Sr. André Salmon. Se a missão desses homens, na Europa cansada e batida de tantos séculos de cultura, tem encontrado entusiasmos delirantes, que dizer de Vicente do Rego Monteiro, aqui onde tudo é novidade.” Ronald de Carvalho O Jornal, Rio, 1921
“Ótimo desenhista, de traço limpo, seguro, incisivo como o dos egípcios, este arqueólogo da alma antiga desenterra lindas fábulas e as veste com o garbo do seu temperamento bizarro e educado. Mas sem desprezar os meios que o futurismo oferece a quem os sabe usar com inteligência.” Enrico Castelli (Chin) O Imparcial, Rio, 1921
“É provável que Vicente do Rego Monteiro tenha sido de fato o principal, senão o único, cubista da mostra (...).” Antônio Bento, 1970 Sobre a Semana de Arte Moderna, 1922
“Por iniciativa do festejado escritor Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em São Paulo uma Semana de Arte Moderna, em que tomarão parte os artista que, em nosso meio, representam as mais modernas correntes artísticas. A parte de artes plásticas, exposta no saguão do teatro, é integrada pelos seguintes artistas: Escultura: Victor Brecheret, Hildegardo Leão Veloso e Wilheim Haaberg; Pintura: Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Emiliano di Cavalcanti, Ferrignac (Ignácio da costa Ferreira), Zina Aita, Martins Ribeiro, Oswaldo Goeldi, Regina Graz, Jonh Graz, J.P. de Almeida Prado e Eurico Castelo.” Noticia em “O Estado de São Paulo”, 29 de janeiro de 1922
Em Paris, Vicente do Rego Monteiro se lançou de uma maneira particular na estilização de motivos indígenas, procurando criar, ao lado de uma arte pessoa, a arte decorativa do Brasil.” Oswaldo de Andrade Conferência na Sorbonne, Paris, 1923
“Em vez de se dedicar comodamente à caligrafia acadêmica, Rego Monteiro repudiou essa tradição latina que sufoca geralmente os artistas do seu país para ressuscitar a influência da tradição indígena que deveria ser a primeira a provocar e inspirar todo artista brasileiro.” Maurice Raynal L’Intransigeant, Paris, 1925
Apresentação do catálogo de exposição individual – Galeria Fabre, Paris, 1925
“Toda grande ambição permanece estéril se um “métier” seguro, conciso, cuidadoso mesmo,s e uma consciência de obreiro não houver criado o molde onde se verta a concepção. Conheço Monteiro o suficiente para saber o cuidado com que ele executa as suas obras, ademais será suficiente, apenas, observá-las.” Ozenfant Paris – 1928
“Rego Monteiro, pintor dos raros que afirmaram a Paris e ao mundo que o Brasil existe artisticamente.” Menotti Del Picchia Correio Paulistano, 1930
“A gente, para quem a beleza é a Vênus de Milo, não pode compreender nem sentir o gênio de Picasso ou as pinturas de Vicente do Rego Monteiro.” Ascenso Ferreira A Provincia, Recife, 1930
“Há muito o que dizer de Vicente do Rego Monteiro: do pernambucano fiel e enraizado que elle continua a ser longe do seu pais: de sua arte juvenil, inocente, audaciosa, expressiva e de sua alta e pura imaginação. Isto ficará para outra vez quando, no Santa Izabel, a gente melhor do Recife ali passar para compreendê-lo e aplaudir. Antonio Freyre A Provincia – Recife, 1930
“Excelente pintor, desde cedo, com raros dons de invenção criador aperfeiçoou depressa a sua técnica, e depois de cominá-la para melhor utilizá-la em todos os sentidos, no livre jogo da aventura poética que não despreza absolutamente, Vicente assimilou as tendências da chamada “Escola de Paris”, imprimindo, entretanto, à sua obra caráter pessoal inconfundível.” Willy Lewvin Transcrito do Jornal de Letras Jornal do Comércio – Recife - 1937
“Monteiro encontra a harmonia e procura elevar-se a uma pureza da forma e da cor que em algumas das suas composições atingem evidente elegância. Essa arte de reflexão é contraria a toda espontaneidade. Ela testemunha contudo ao seu modo das audácias de uma bela mocidade. G.C.Gros Paris - 1937
“O que é feito do Vicente do Rego Monteiro, aquele fabuloso artista que estilizava as nossas lendas indígenas?” Anita Malfatti Trecho da conferência na Biblioteca Pública de São Paulo, 1939
A arte de Monteiro baseia-se sobre um espírito de pesquisa de curiosidade incessante, que vi a toda parte inventariar o planeta e seus habitantes, dele extrai o suco químico vegetal, mecânico, animal, humano, que o pintor transpõe na espiritualidade de suas obras nas quais dominam frequentemente altas, as tonalidades cor de mel. Géo-Charles Paris – 1948
E se algumas das suas gravuras coloridas impressionam pelo admirável e expressivo de suas cores, já outras é por não sei que delicado transparência como a de nuvens duma manhã de sol de inverno, por não sei que graça nobre, aguda, esbelta, que as envolve poeticamente. Olívio Montenegro Jornal do Brasil – Rio, 1957
“Se eu fora pintor; se tivesse trabalhado com Lurçat em Saint Cére, eu pintaria, eu teceria um homem, um operário à sua semelhança, e que seria iluminado, consumido por um sol interior. Isto seria amor, seria amizade. Essa criatura seria dominada, como você, pelo calor de viver, pela paixão de existir. Tal como você, esse homem imaginado teria amigos em todo o mundo, na ponta de cada raio. E se poderia com isto exclamar: “Ali está Monteiro, com seu pequeno ouriço terno e flamejante que o ilumina.” Pierre Segheres Revista Alternances, Paris, 1960
Vicente do Rego Monteiro é artista em toda a aceitação da palavra. Cria, inventa por necessidade interior. Porque é essa a sua maneira de se exprimir, de se dar, de se comunicar com o mundo. Nele o homem e a obra se confundem. Gilda Cesário Alvim Jornal do Brasil – rio, 1962
“Vicente do Rego Monteiro foi um dos primeiros artistas brasileiros a ter consciência da necessidade de possuir um vocabulário moderno. Soube, no momento do cubismo vitorioso, fugir dos plágios e criar, há uns 40 anos, um estilo próprio onde afirmou seu senso do classismo e da grandeza.” Na sua arte há um sentimento de equilíbrio e de plenitude particularmente indicado para as vastas decorações murais.” Raymond Cogniat Lê Figaro,Paris, 1963
“Há porém, na força rude de alguns destes quadros, muito especialmente nos de caráter religioso, a expressão de um sentimento peculiar que parece associar certas formas típicas da iconografia cristã luso-brasileira.” Antonio Dacosta Jornal do Comércio – Recife, 1963
“Estamos pois diante de um pintor histórico do modernismo brasileiro.” Geraldo Ferraz O Estado de São Paulo, 1966
“Vicente do Rego Monteiro, artista trinitário, pois domina três campos da Arte: a poesia, as artes plásticas e as artes gráficas, e com elas cria um universo individual, sensível e feérico.” Cassiano Nunes Conferência na Universidade de Brasília - 1966
“Vejam como a justiça surge – o professor Stanton Catlin da Universidade de Yale e diretor da Galeria de Arte do Center por Inter-American Relations de Nova York, escolheu, justamente, uma tela de Vicente para representar o Brasil na grande Exposição dos Precursores da Pintura Americana, desde 1860 até 1930.” Pietro M. Bardi São Paulo, 1967
Que a critica se cuide: este homem maravilhoso não é somente de hoje como será de amanhã. Claude Aveline Paris - 1967
“Mesmo que sua técnica depurada totalmente, podemos dizer que o Brasil o enfeitiçou e que ele é o mais brasileiro de todos os grandes pintores do nosso país.” Alberto Cavalcanti (cineasta) Correio Braziliense, 1967
“A Arte de Vicente do Rego Monteiro tende particularmente ao afresco, assim esperamos que a sua pátria como outros países também encomendem a ele que criou o “Muro da Poesia”, grandes murais, visto que sua arte independentemente da sua grande beleza pictórica, é a de um homem de coração, verdadeiro poeta, conciliada aos ritmos do futuro.” Pierre Menateau Correio Braziliense – Brasília, 1968
Ninguém, como pintor, mais digno da admiração brasileira do que Vicente. Nenhum artista, dentre os que, historicamente, pertencem à famosa Semana de Arte Moderna de 1922 (São Paulo), mais merecedor dessa admiração, do que esse recifense-parisiense a quem nunca faltou o sentimento pan-brasileiro. Gilberto Freyre Diário de Pernambuco, 1969
“Vicente não faz caricaturas sentimentais de tipicismo ou folclores. Não o adorno, mas a invenção-verdade; não a emoção pé-grande, comum ao ciclo social da década 50, mas a deformação sábia, própria de caldeus, astecas ou marajoaras.” João Câmara Filho Diário de Pernambuco, 1969
Merecendo elogios de críticos como Géo-Charles, Maurice Reynal, Jean Cassou, Ozenfant, G. C. Cros, com seus quadros adquiridos por instituições oficiais francesas e belgas, alvo da maior atenção de um critico de arte da agudeza de Bardi, com uma passagem pioneira nas artes brasileiras, o pintor histórico Vicente do Rego Monteiro, sempre aceitou o conselho de que a arte verdadeira pertence a todas as épocas. Assim sendo, não gosta de datar os quadros. É um pintor que será contemporâneo de nossos netos. Renato Carneiro Campos Diário de Pernambuco, 1969
A sua matéria tem um valor de emoção pela própria pintura, como por exemplo se podia sentir em Braque, tão diferente sob todos os aspectos e fundamentalmente Escola de Paris, deslocada para o Brasil. Tão profundo em suas cores que o Brasileiro sentiu na sua etapa de Semana de Arte Moderna. Tão dono de suas formas na sua pintura e no seu desenho. Silvia H. S. Jornal de Letras – Rio, 1969
Na noite anterior havia visto alguns trabalhos que ele vai expor, brevemente na Galeria Ranulpho. Vicente está numa fase excepcional, personalíssima, figurativa. Uma ceia larga que ele pintou é trabalho de mestre. Em nada fica a dever aos Dis e Pancetis e Portinari. José de Souza Alencar (Alex) Jornal do Comércio, 1969
Antes de qualquer coisa, quero dizer que os quadros de Vicente eram simplesmente sensacionais, dos mais lindos que já tive ocasião de ver. Nessa opinião não fico só, é a mesma de todos que estiveram na Galeria Ranulpho. João Alberto Diário de Pernambuco, 1969
“...é a Vicente, direta ou indiretamente, que se ligam todos os jovens pintores e gravadores do Nordeste, um Gilvan Samico, um João Câmara, todos tão preocupados em partir do regional para o nacional e o universal, infensos, aparentemente, às importações periódicas dos últimos ismos em moda. Senhor de um sólido métier de pintura, sabia Vicente como poucos o seu ofício; e era esse domínio técnico excepcional que lhe permitia evocar, com tanta leveza cromática, as formas escultóricas de suas figuras, tão táteis que quase saltavam no liso suporte bidimensional em que ganhavam vida.” José Roberto Teixeira Leite São Paulo, 1976
A VOLTA DO PIONEIRO
Vicente do Rego Monteiro foi um pioneiro e uma figura singular nos idos do nosso modernismo, que teve sua eclosão na Semana de 1922. A maior parte de sua vida se passou em Paris, no meio do mais efervescente vanguardismo, desde a primeira década a 1966, quando voltou ao Brasil, onde faleceu em 1970. Mas esse tempo todo ele não se esqueceu de criar um estilo inconfundível e coerente, partindo de três influencias principais: a arte indígena de Marajó, o art deco e o cubismo estilizado, com certa semelhança ao de Léger. Foi um dos nossos maiores pintores. Eis a razão por que é justa a homenagem que a Galeria Ranulpho (São Paulo) lhe presta. Flávio de Aquino RevistaManchete, 11 de junho de 1983.
"Stendhal disse no século 19 que o mundo só tinha duas cidades: Nápoles e Roma. No século 20, Vicente do Rego monteiro retrucou: Recife e Paris. Recife foi onde ele nasceu, em 1899, e onde morreu, em 1970. Paris foi o lugar onde o pintor brasileiro se alimentou para produzir uma das obras mais notáveis do inicio do nosso modernismo, uma pintura entre o art deco e o construtivo, de cores neutras, em geral tendendo para o castanho e o vermelho, e figuras estilizadas que, uma vez vistas, podem ser reconhecidas de imediato.” Reynaldo Roels Jr. Jornal do Brasil, 1987
“ Recentemente, inaugurou-se em Echirolles, perto de Paris, o Museu Géo-Charles, com uma retrospectiva de Vicente do Rego monteiro. A homenagem não partiu de nós, nem de nosso Governo. Foi um projeto exclusivamente francês, demonstrando que Vicente do Rego Monteiro já não é um caso regional, mas um patrimônio do mundo contemporâneo.” Walmir Ayalka Jornal do Commércio/Rio, 1987
“Nascido em Pernambuco, em 1899, Vicente do Rego Monteiro só veio a ocupar o primeiro plano da pintura brasileira na década de 70, cinqüenta anos após ter pintado os seus mais belos quadros. Um dos principais expoentes da Semana de Arte Moderna, morando permanentemente em Paris, naquela época, expunha regularmente e era admirado por críticos como Maurice Raynal e marchands como Leonce Rosemberg, que foi durante o período da Primeira Guerra mundial o marchand de Picasso. Definia-se então, cada vez mais, como um pintor da Escola de Paris.” Tribuna da Imprensa, Rio, 1987 “Em Paris, por sua vez, passada a fase áurea dos anos de 1920, quando pertencera à Galeria L’Éffort Moderne, de leonce Rosemberg, tendo a companhia, entre outros, de Picasso, Braque, Léger, Severini, Gris e Ozenfant, o artista pagou o tributo ao afastar-se da França para um longo retorno ao Brasil (1930-46).” Walter Zanini O Estado de São Paulo, 1990
A VICENTE DO REGO MONTEIRO
Eu vi teus bichos mansos e domésticos. um motociclo gato e cachorro. estudei contigo um planador, volante máquina, incerta e frágil. Bebi da aguardente que fabricaste, servida às vezes numa leiteira. Mas sobretudo senti o susto de tuas surpresas. E é por isso que quando a mim alguém pergunta tua profissão não digo nunca que és pintor ou professor (palavras pobres que nada dizem de tais surpresas); respondo sempre: - É inventor, trabalha ao ar livre de régua em punho, janela aberta sobre a manhã.
João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto, Poesias Completas, 3ª ed., Livraria José Olympio. Editor, Rio de Janeiro, 1979. Aparece também no livro “O Engenheiro”, Ed. Amigos da Poesia, 1945.
EXPOSIÇÕES DE VICENTE DO REGO MONTEIRO
(Levantamento parcial)
COLETIVAS
1913 – Salon dês Indépendants. Paris
1922 – Semana de Arte Moderna. São Paulo
1923 – Salon dês Indépendants. Paris
1923 – Salon dês Tuileries. Paris.
1924 – Salon des Indépendants. Paris.
1924 – Salon des Tuileries. Paris.
1925 – Salon des Indépendants. Paris
1925 – Salon d’Autonne. Paris.
1927 – Salon d’Autonne. Paris
1928 – Salon des Indépendants. Paris.
1929 – Salon des Indépendants. Paris.
1930 – 1ª Exposition du Groupe Latino-Américain de Paris, Galerie Zack. Paris
1930 – Salon des Surindépendants. Paris.
1930 – Salon 1940. Paris.
1930 – L’École de Paris. Teatro Santa Izabel. Recife.
1930 – Lécole de Paris. Palace Hotel. Rio de Janeiro.
1930 – L’École de Paris. Palacete Glória. São Paulo.
1931 – Salon dês Surindépendants. Paris.
1937 – Galeria Kátia Granoff. Paris.
1942 – Salão do Estado. Museu do Estado. Recife.
1943 – Idem
1952 – Exposição comemorativa de 1922. Museu de Arte Moderna de São Paulo.
1960 – Exposição Dessis et Peintures à l’Eau. Galeria Yves Michel. Paris.
1965 – Hommage au poete Géo charles. Galerie de L’Institut. Paris.
1966 – Galerie Debret. Paris.
1967 – Galerie kátia Granoff. Paris.
1970 – Prévia da Pré-Bienal, Pavilhão Fecin. Recife.
1970 – Exposição Resumo. J.B - Jornal do Brasil, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
INDIVIDUAIS
1918 – Galeria Elegante, Recife.
1919 – Recife
1920 – Associação dos Empregados do Comércio. Rio de Janeiro.
1920 – Livraria Moderna. São Paulo.
1921 – Recife.
1921 – Teatro Trianon. Rio de Janeiro.
1925 – Galerie Fabre. Paris.
1928 – Galerie Bernheim Jeune. Paris.
1947 – Galerie Visconti. Paris.
1956 – Galerie de l’Odéon. Paris.
1957 – Clube dos Seguradores e Banqueiros. Rio de Janeiro.
1958 – Galeria Royale. Paris.
1961 – Galerie Rozenblit. Recife.
1962 – Galerie Ror Volmar. Paris.
1963 – Galerie de la Baume. Paris.
1964 – Galerie R.G. Paris.
1966 – Museu de Arte de são Paulo. São Paulo.
1969 – Galeria Ranulpho. Recife.
1969 – Galeria Barcinski. Rio de Janeiro.
1970 – Galeria Ranulpho. Recife.
1971 – Retrospectiva no Museu de Arte Contemporânea, na Universidade de São Paulo.
1976 – Tableau Artes Plásticas. São Paulo.
1983 – Galeria Ranulpho. São Paulo.
1986 – Retrospectiva no Museu Géo-Charles, em Echirolles. França.
1993 – Studio José Duarte Aguiar. São Paulo.
1994 – Galeria Ranulpho. São Paulo.
1997 – Retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo
1997 – Ricardo Camargo – Galeria
2001 – Galeria Ranulpho - Recife
OBRAS EM MUSEUS
1927 – Museu de Grenoble (França) – Combate de Boxe
1930 – Museu do Estado de Pernambuco – Diana
1937 – Musé du Jeu de Paume, Paris – L’Enfant et lês Bêtes
1951 – Musée National d’Arte Moderne Paris – L’Adoration dês Berges
1958 – Palais des Congrés, Liége, Bélgica – Les Paveurs, Vacher
1958 – Musée National d’Arte Moderne, Paris – La Chasse
1960 – Museu do Açúcar, Recife – O Cambiteiro
1964 – Musée National d’Arte Moderne, Paris – Lê buverus
1966 – Museu de Arte Moderna, Bahia – Calceteiros
1966 – Museu de Arte Moderna, Bahia – Fuga par o Egito
1967 – Museu de Arte de Campina Grande – A Ceia
1968 – Museu de Arte Contemporânea de são Paulo – Pietá
1969 – Museu do Açúcar, Recife – Carro de Boi
1969 – Museu do Açúcar, Recife – Aguardenteiro
1969 – Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas sociais, Recife – O Burrinho das Telhas
1970 – Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, Recife – Jarra Antropomorfa
1970 – Museu de Arte Moderna, Rio – A Banhista
OBRAS DE VICENTE EXPOSTAS NA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
RETRATO DE RONAL DE CARVALHO
RETRATO
RETRATO
CABEÇAS DE NEGRAS
CABEÇA VERDE
BAILE NO ASSYRIO
LENDA BRASILEIRA
LENDA BRASILEIRA
CUBISMO
CUBISMO
VICENTE, O PENSAMENTO
A vida é tudo o que tenho. A vida e somente a vida. É sobre ela que estou construído a minha obra.
Para mim só existem duas cidades: Recife e Paris.
Sou um homem apaixonado das coisas artesanais. Não sou como o fotógrafo que manda revelar seus filmes, mas aquele que fará todo o trabalho sozinho.
Justificando minha obra que foi pequena e massacrada, Incendiada, roubada, desaparecida, pretendo reconstruí-la, como Se reconstrói um prédio danificado.
Minha obra Carrossier foi roubada da Embaixada do Brasil durante a ocupação nazista de Paris.
Ao reconstruí minha obra perdida, para o Brasil, pretendo dar-lhe o tamanho ideal que projetei para ela: o mural.
A vanguarda no Brasil vive infelizmente de plágio, o que não acontece em outros países onde a vanguarda nasce da necessidade de criar novas linguagens.
A pesquisa é necessária, mesmo para não se fazer. Nada é mais difícil do que manejar o lápis, e nada mais medíocre do que o desenhista que não sabe desenhar.
O que é autêntico volta. A moda é uma ilusão.
Na escultura, na pintura, quando o individuo é artesão sempre traz algo de novo. Admito quando há, atrás do experimentador, alguma coisa mais. Ai pode se lançar à recuperação da sucata. Onde há somente o material, há o vazio.
O absurdo é o senso comum dos artistas, dos poetas e dos loucos.
A “verdade” é o senso comum dos sectários.
Todo o artista, ou poeta, deve diariamente bater seu próprio record.
A arte e a poesia, não possuindo fins utilitários, suas revoluções existem em estado permanente.
Para mim um quadro é um problema plástico que posso resolver muitas vezes e que não se fossiliza no tempo. É um desafio que me proponho.
Minha pintura não poderia existir antes do Cubismo, que me legou as noções de construção, luz e forma.
Quando estou com sono durmo uma ou duas horas e me levanto para trabalhar e fazer o que bem quiser. Sigo o regime dos gatos.
A cor depende do assunto que quero tratar. Não sou pelo abuso. Prefiro as cores construtivas, corres terra. Sou terráqueo, essencialmente terrestre.
Minhas influências: o Futurismo, o Cubismo, a estampa japonesa, a arte negra, a Escola de Paris, nosso Barroco e sobretudo a arte do nosso ameríndio na Ilha de Marajó.
Como cubista sou construtivista.
Claro que sinto atração pelos novos materiais, como todo artista-artesão na sua época. Se os primitivos possuíssem os compensados, os duratex, os celotex, as tintas sintéticas, por certo os utilizariam.
Pinto desde criança, há tantos anos que não saberia explicar o porquê. Contudo creio que pintar é uma linguagem, um meio de comunicação tão velho como o mundo.
Tenho um grande respeito pelo espaço. O espaço para o artista é como o oceano para o marinheiro. Pode ser vida e morte.
É preciso viver, pintar e ter paciência. Só acredito no poeta que morre pela sua poesia.
LIVROS PUBLICADOS SOBRE VICENTE
VICENTE INVENTOR Texto de Walmir Ayala (Prêmio FUNARTE de monografia – 1979)
VICENTE DO REGO MONTEIRO Pintor e Poeta Editores 5ª – Cor – Rio de Janeiro, 1994
VICENTE DO REGO MONTEIRO Artista e Poeta Walter Zanini – 1997
VICENTE DO REGO MONTEIRO Um Brasileiro da França Maria Luiza Guariere Atik – 2004
VICENTE DO REGO MONTEIRO Poeta Tipógrafo Pintor Textos em Português e Francês - 2004
CRONOLOGIA
1899 - Ao findar do século, nasce no Recife a 19 de dezembro, Vicente, filho de Idelfonso do Rego Monteiro e de Elisa Cândida Figueiredo Melo, prima do pintor Pedro Américo Figueiredo Melo, e de Aurélio de Figueiredo, tendo como irmão José, e Joaquim, como ele, pintor, ambos falecidos muito jovens, e as irmãs Fédora, pintora, e Débora, escritora.
1908-1911 – Desde cedo, no Rio, inicia-se nas artes, por convivência com a irmã Fédora, aluna de Eliseu Visconti e Zeferino da Costa, a qual sempre acompanhava em suas aulas e trabalhos.
1911 – Em companhia de sua mãe, e de seus irmãos José e Fédora seguem para Paris, onde freqüenta a Academia Julian e a Academia Colarossi.
1913 – Expõe pela primeira vez no Salon dês Indépendants junto com a irmã.
1914 – Nesta época, assiste aos balés russos com Nijinski e Karsavina, no Théâtre dês Chamnps Elysées, espetáculos que lhe deixam profundas impressões.
1915 – em conseqüência da guerra, volta para o rio, onde vem morar na Pensão das Águias, na antiga Avenida Central, indo residir em Ipanema.
1915/1916 – Executa em gesso o busto de Rui Barbosa, influenciado por Rodin, mais tarde fundido em bronze, na fundição Zani, em 1941, por ocasião do centenário de Rui, e que se encontra hoje na Casa de Rui Barbosa. A época publica a foto de Vicente junto ao busto. Neste período é fascinado pela música de Pixinguinha – “O meu boi morreu, que será de mim”, e outras.
1917 – No Recife, participa do concurso para o monumento aos heróis da revolução de 1817, que, por seu estilo modernista e com sua pouca idade, não consegue vencer, não obstante as boas criticas recebidas.
1918 – assiste à apresentação de seis espetáculos de Ana Pavlova no Teatro Santa Isabel do Recife, com elenco da Companhia de Bailados Clássicos, e o seu interesse pelo balé se renova. Faz diversos desenhos e croquis, surgindo então a idéia de um bailado puramente nacional, inspirado nas lendas indígenas brasileiras. Primeira exposição no Recife de Fédora. Primeira referência a Vicente do Rego Monteiro na imprensa: Diário de Pernambuco em 22 de julho de 1918 quando expõe na Galeria Elegante o Retrato do Sr. Sardar.
1919 – Expõe pela segunda vez no Recife quadros de pequeno formato e aquarelas com motivos indígenas.
1920 – Inaugura sua primeira exposição em São Paulo, na Livraria Moderna de jacinto da silva, ocasião em que conhece Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Pedro Alexandrino, Victor Brecheret. Monteiro Lobato elogia a exposição no O Estado de são Paulo. Expõe no saguão da Associação dos Empregados do Comércio de Recife, mostra saudada no jornal A Noticia do Rio, pelo poeta Rui Ribeiro Couto. No Rio de Janeiro, visita e estuda a coleção de cerâmica indígena da Ilha de Marajó no Museu da Quinta da Boa Vista. Pinta o retrato do Rui Ribeiro Couto, de sua mãe e o primeiro de uma série de seu irmão Joaquim.
1921 – Acompanha seu irmão enfermo José, e conhece cidades mineiras – Ouro Preto, Congonhas do Campo, Sabará e Belo Horizonte, sofrendo influência do barroco mineiro. Com a morte de seu irmão, volta ao Rio. Expõe no foyer do Teatro Trianon, aquarelas inspiradas na vida e nas lendas indígenas e recebe uma crítica elogiosa do poeta Ronald de Carvalho em O Jornal. O famoso cronista João do Rio admira a sua pintura. O marchand catalão Togores de passagem no Rio de Janeiro se interessa por sua obra. Pinta o retrato do Ronald de Carvalho Em setembro viaja a Paris, deixando com Ronald de Carvalho oito óleos e aquarelas que por iniciativa do poeta serão expostos na Semana de Arte Moderna de 22 em São Paulo.
1922 – A realização da Semana de Arte Moderna, uma idéia de Di Cavalcanti, com apoio de Marinette e Paulo Prado, faz Graça Aranha afirmar: “A remodelação da estética do Brasil é iniciada na música de Villa-Lobos, na escultura de Brecheret e na pintura de Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Vicente do Rego monteiro.” Reencontra em Paris o marchand Togores, que o apresenta a Zborowski, marchand de Modigliani, soutine e Foujita. Em Paris, em companhia de seu irmão Joaquim encontra um ateliê na Rue Gros. Conhece Gilberto Freire e faz seu retrato, viajando juntos a Alemanha para conhecer o expressionismo alemão. De volta a Paris, pinta vários retratos influenciado pelo estilo de Foujita, entre os quais de Alberto Cavalcanti na época arquiteto mais tarde célebre cineasta de vanguarda. O quadro a Crucifixão define seu novo estilo, e o começo de uma pintura de tema religioso, uma constante em sua obra.
1923 – Ilustra o livro Légendes, croyances et talismans dês Indiens de l’Amazone, com texto adaptado por Louis Ducharte, Editions tolmer, Paris, tiragem de 60 exemplares. São lendas e crenças Tupis e Tapuias, canções de Botocudos e um estudo comparativo dos símbolos da cultura de Marajó com as do antigo México, China e Egito. Desenha os costumes e máscaras de Légendes indiennes de l’Amazone para o recital de dança do bailarino tcheco Malkowsky, no teatro Femina. Passa uma temporada em Nice em companhia do seu irmão Joaquim, pinta A caçada obra de inspiração marajoara que se antecipa ao movimento antropofágico. Amizade com Victor Brecheret encontra Tarsila do Amaral. Oswald de Andrade lhe faz uma referência elogiosa em conferência na Sorbonne. Volta a expor no Salon dês Indépendat e pela primeira vez no Salon dês Tuileries. Faz parte do grupo de artistas da galeria e revista L’Effort Moderne de Leonce Rosenberg. Conhece o milionário e colecionador americano de primitivos italianos, Phillip Lehman, que durante anos o prestigia.
1924 – Viaja à Nice; com As Nadadoras inicia o tema dos esportes. Realiza uma grande composição Os calceteiros, pungente quadro de inspiração social considerada sua melhor obra. Em Vittel pinta A descida da cruz, Mater dolorosa, As religiosas, A mulher sentada. Expõe no Salon dês Indépendants e no Salon dês Tuileries. Desenha a capa e ilustra o livro Montmartre em 1925, de Jean Gravigny, Éditions Montaigne, com 21 mil exemplares, um verdadeiro guia da vida noturna de Montmartre. Ilustra o livro: Découvertes sur la dance, de Fernand divoire, capta em poucos e expressivos traços os movimentos de Pavlova, Karsavina, Nijinski e Dourga, grande dançarina africana, ao lado de outras ilustrações de Bourdelle e André Domin.
1925 – Casa-se com a parisiense Marcelle Louis Villard e ao fazer seu retrato, pinta A mulher e o galgo. Realiza a sua primeira exposição individual em Paris na Galerie Fabre, com 25 telas, apresentado por Maurice Raynal, importante crítico do cubismo. A Bretanha em Quiberon lhe inspira O marinheiro e à bretã. Edita Quelques visages de Paris, com introdução de Fernand Divoire, tiragem de 300 exemplares. São impressões de um chefe indígena, em singelos versos cheios de humor, diante dos lugares mais famosos de paris que se transformam em signos, através de um depurado desenho geométrico. Expõe no Salon dês Indépendants e no Salon d’Automne. Malkowsky apresenta as Legendes no Théatre dês Champs Elysées. Um incêndio no seu novo ateliê na Avenue du maine em Montparnasse destrói várias de suas telas. O ano de importantes obras: Adoração dos magos, A santa ceia, Um copo de vinho, O atirador de arco, duas versões de O Carroceiro, O urso, O lobo e a ovelha, e O menino e os bichos, síntese de seu envolvimento com o tema animalista.
1926 – Expõe no Salon dês Indépendants, na seção cubistas e neo-cubistas, A mulher e o galgo. Phillip Lehman adquire A virgem e o menino.
1927 – Pinta. O combate e a primeira versão de Tênis, muda-se para um grande apartamento na Avenue Junot. Participa da curta metragem de Alberto Cavalcanti, La p’tite Lili, ao lado de ?Catherine Hessling e jean Renoir.
1928 – Expõe na Galeria Berheim Jeune com apresentação do pintor Amédée Ozenfant, criador, com Lê Corbusier, do purismo. Expõe no Salon dês Indépendants. Pinta o Batismo de Cristo. Conhece o escultor espanhol Pablo Gargallo, que faz seu retrato em cobre recortado, e o apresenta ao poeta e critico Géo-Charles (Charles Guyot) que será seu melhor amigo e defensor de sua obra.
1929 – Recebe influência do surrealismo, nos quadros O duelo, A moderna degolação de São João Batista e Uma bela da noite. Conhece o escultor argentino Pablo Curatella Manes. Participa da corrida de automóveis nas pistas de Cote de Moulineaus com um Rally.
1930 – Participa da 1ª Exposição do Grupo Latino-Americano em Paris, na Galeria Zack, com Orozco, Rivera, Torres-Garcia, Figari e outros artistas latino-americanos. Funda com os seus colegas da Escola de Paris o Salon dês Indépendants.
Participa da organização do Salon Avant-Gard 1940.
Torna-se co-diretor, com Géo-Charles, da revista Montparnasse. Traz para o Brasil a primeira exposição de arte moderna da Escola de Paris, que organiza com o seu amigo e crítico de arte, o poeta Géo-Charles. Levada inicialmente ao Recife par o Teatro Santa Izabel, depois para o hotel Palace, no Rio de janeiro, e, em são Paulo, para o Palacete glória, essa exposição foi considerada um grande acontecimento artístico do ano que coincide com a inauguração da Casa Modernista de Warchavchink, fatos que contribuíram para a consolidação da arte moderna no Brasil. Essa mostra pioneira, que contava com cerca de 90 obras, dentre os quais Braque, marcoussis, Dufy, Léger, Picasso, Lurçat, Papazoff, Vlaminck, Herbin, Miro, Lhote, foujita e muitos outros, como também quadros de Vicente, de seu irmão Joaquim, e de Tarsila, que Vicente incluiu na mostra de São Paulo. Poderia, no dizer do seu amigo Bernard Lorraine, ser comparada, em suas conseqüências, para o Brasil, como a do Armory Show realizada em Nova York em 1913, para o Estados Unidos.
Anos mais tarde, em paris, o pintor Carlos da Cunha, dirigindo-se a Géo-Charles, lhe diria: “O senhor não me conhece mas eu o conheço. Quando jovem, vi a sua exposição da Escola de Paris no Rio, que muito me impressionou e que exerceu grande influência sobre mim e outros jovens artistas da época, pela grande utilidade que nos trouxe.” Menotti del Picchia escreve no Correio Paulistano: “Rego Monteiro, pintor dos raros que afirmam a Paris e ao mundo que o Brasil existe artisticamente.” Convidado por Oswald de Andrade para participar do movimento antropofágico, declina do convite, por achar não lhe foi dado o devido reconhecimento de pioneiro deste movimento.
1931 – Expõe no Salon dês Indépendants. Corre no Grande Prêmio do Automóvel Clube da França com uma Demo.
1932 – Em conseqüência da Depressão de 1929, que atinge o mundo inteiro, retorna ao Brasil e se instala com sua mulher Marcelle no engenho Várzea Grande, nos arredores de Gravatá. A má administração do engenho de um cunhado seu, o leva a assumir a direção e fabricando então a famosa cachaça “Caninha Cristal”, conhecida em todo o Nordeste e cantada em verso por João Cabral de Melo Neto na obra Vida e morte Severina. Inicia colaboração na revista Fronteiras, de Manuel Lubambo, de tendência católica e nacionalista.
1933 – Continua sua colaboração na revista Fronteiras onde, entre outros, colaboram Willy Lewin e Arnóbio Tenório Wanderley, responsável pela produção gráfica.
1934-1935-1936 – Com Silvagni, que fora assistente de Carl Dreyer, roda um documentário pelo interior de Pernambuco, onde é ao mesmo tempo produtor, co-autor e intérprete – fato assinalado em Paris pelo jornal L’Intransigeant de 4/9/34 - , mais tarde exibido no Cinema dês Folies Dramatiques. Morte de seu irmão Joaquim em Paris, em 1934. Começam a surgir os desenhos de sua escassa produção dos anos 30. Trata-se de estudos de aguadeiros, aguardenteiros, cabideiros e a Nossa Senhora que mais tarde se tornarão temas de sua pintura.
1937 – Realiza uma série de desenhos representando os quatorze passos da Via Crucis, publicados em 1977, num volume editado pela Mirante das Artes com prefácio de Pietro Maria Bardi. Viaja a Paris, e por ocasião da Exposição Internacional, decora a capela do Brasil no Pavilhão do Vaticano, com uma grande tela – A Virgem , recebendo uma crítica elogiosa do poeta Adolphe de Falgairolle no Lê petit marseillais. Expõe na Galeria Kátia Granoff. O quadro O menino e os bichos é adquirido para a coleção do Jeu de Paume. Pinta o retrato de Lucienne Géo-Charles.
1938 – A aproximação da guerra na Europa o faz voltar a Pernambuco; pelo interventor do Estado Agamenon Magalhães é indicado para o cargo de diretor da Imprensa Oficial do Estado, sendo nomeado também professor de desenho do Ginásio de Pernambuco. Desliga-se da revista Fronteiras por não concordar com a posição radical assumida por esta.
1939 – Junto com o seu cunhado Edgar Fernandes, funda a editora e revista Renovação, cujo objetivo é a educação popular, e atua como programador gráfico, ilustrador e responsável por várias seções: artes, turismo, teatro, economia, etc.
1940 – Em sua casa no bairro Madalena, Monteiro e Marcelle recebem todos que se interessam por pintura e poesia Ali, as paredes são decoradas com quadros de seus amigos parisienses: Marcussis, Herbisn, Derain, dele próprio e do irmão Joaquim.
1941 – A Renovação impressa por Monteiro num prelo manual muda de formato tornando-se menor e tratando basicamente de assuntos literários, com periodicidade irregular. Colaboram na revista jovens poetas: João Cabral de Melo Neto, Ledo Ivo, Willy Lewin, Odorico Tavares, Caio de Souza Leão, entre outros. Publica Poemas de bolso. – “Mon onde...” desperta admiração de Georges Bernanos – durante a guerra refugiado em Barbacena. Realiza o 1º Congresso de Poesia do Recife, em sua casa com a participação de João Cabral de Melo Neto, Ledo Ivo, Nilton Sucupira, Antonio Rangel Bandeira, Benedito Coutinho e outros.
1942 – Expõe no Museu do Estado uma série de naturezas-mortas O mundo que a cafeteira criou, participa do Salão do Estado e ganha com uma natureza-morta (Estudo 31 série R) o 1º prêmio do Salão de Pintura.
1943 – Expõe no Salão do Estado, onde conquista novamente o prêmio principal. Publica A chacun as marotte, Editora Renovação, Recife.
1944/45 – Colabora ativamente durante a guerra no programa de rádio da PR-8 (Recife) a favor da Resistência Francesa, com artigos, desenhos e poemas na revista Renovação. Recebe a visita do jornalista, escritor e poeta francês Michel Aimon. A Secretaria do Interior de Pernambuco edita a primeira monografia sobre sua pintura, em português e francês. A editora Renovação publica 3 números do Caderno de Poesia.
1946 – Organiza o 2º Congresso de Poesia do Recife, com Edson Regis, Ariano Suassuna, Carlos Moreira e publica Canevas pela editora Renovação, um longo poema em homenagem a Gauguin dedicado a seus amigos Lucienne e Géo-Charles com prefácio de Pierre Seghers. Viaja a Paris.
1947 – Realiza uma exposição na Galeria Visconti, apresentada por Géo-Charles, com obras da década de 20 e 40. Participa do movimento epifanista de Henri Perruchot, uma tentativa de aproximação entre materialismo e espiritualismo.
1948 – Lança a editora L apresse à brás e na sua prensa manual inicia com Menaces de mort de Pierre Seghers, a impressão de versos de poetas franceses e alguns brasileiros e também de suas próprias obras. Publica seus versos Lê petit cirque, com prefácio de Henri Perruchot. Organiza o 1º Muro de Poesia no Salão de Maio em colaboração com Edmond Humeau, Gaston Criel e Silvaire.
1949 – Pinta O vaqueiro tema de outras variantes nos anos 60. Participa do 2º Muro de Poesia no Salão de Maio, que continuará a acontecer até 1952.
1950 – Publica seus poemas em dois livros: Chants de fer e Beau sexe.
1951 – É cada vez maior o seu envolvimento com a poesia e seus amigos poetas.
1952 – Organiza em Paris, com poetas da sua editora L apresse à brás o 1º Congresso Internacional de Poesia; em colaboração com Edmond Humeau e Jean Cassou, funda o Salon de Poésie, que realizaria todos os anos, no La Coupole, em Montparnasse. Publica Clowneries, onde se encontra o seu belo soneto “La ballerine et lê clown.” Colabora até 1956 no Cahiers Luxembougeois como crítico de poesia. Publica seus versos Concrétion e Cartomancie. Seu nome é incluído no 30º aniversario da Semana de Arte Moderna de 22, organizado pelo Museu de Arte Moderna de são Paulo.
1953 – Expõe caligramas no Salon de Poésie, seu livro Vers sur verre é editado por Pierre Seghrs. O Museu de Arte Moderna de Paris adquiri o quadro Adoração dos pastores, de 1927.
1954 – Sua fantasia radiofônica Lê pari vai ao ar pela Rádio Difusão e Televisão Francesa. Publica a poesia de Paulo Gilson, Lê grand dérangement. Suas obras, ao lado das de Fédora e Joaquim, são expostas no Teatro Santa Isabel, no Recife.
1955 – Sofre um infarte quando imprimia o livro, La Bête qui mangeait lês jouts de Paul Gilson. Durante sua permanência no hospital Broussais, escreve 35 sonetos que farão parte do livro Broussais-La Charité. O grande poeta surrealista Philippe Soupault, autor (com Breton) de Champs magnétiques, lhe dedica um programa na Rádio difusão e Televisão Francesa. Recebe o prêmio Mandat dês Poetes. Restabelecido do enfarte, dedica-se a imprimir obras de poetas brasileiros – Mário de Andrade, Vinicius de Morais e outros. Inicia a gravação de discos onde poetas brasileiros e franceses recitam seus próprios versos.
1956 – Com uma carta-prefácio de Georges Bernanos, Pierre Seghers edita Mon onde était trop courte pour toi, titulo de um poema de 1941. Expõe monotipias em preto e branco e a cores na Galeria de L’Odéon com prefácio de Pierre Seghers. No Salon de Poésie seus poemas e monotipias são apresentadas por Silvagni. Seus poemas e caligramas são publicados no Recife. Edita duas plaquetas de Ribeiro Couto.
1957 – Volta para o Brasil após mais de 11 anos de ausência, sendo nomeado professor de pintura da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Realiza uma exposição de monotipias no Recife e também no Clube de Seguradores e Banqueiros no Rio de Janeiro, esta organizada pelo seu amigo Odilon Ribeiro Coutinho. No Recife colabora no Jornal do Commércio e a Coleção Concórdia publica seu livro Broussais-La Charité.
1958 – Expõe na Galeria Royale em Paris pinturas antigas e recentes junto com Solot. O Palais dês Congrès de Liége adquire Os Calceteiros de 1924 e O Vaqueiro de 1949. Pierre Seghers publica em Paris Broussais-La Charité. Volta no final do ano ao Recife.
1959 – O Museu Nacional de Arte Moderna de Paris adquire A Caçada, de 1923.
1960 – Ganha com sua obra poética Broussais-La Charité o premio literário Guillaume Apollinaire, que divide com Marcel Bealu. Expõe desenhos numa mostra coletiva Dessis et peintures à l’eau, na Galeria Yves Michel, em Paris. A revista Alternances dedica três cadernos em homenagem a Monteiro.
1961 – Publica Chiromancie pela Coleção Concórdia, expõe poemas e caligramas na Galeria Rozemblit no Recife.
1962 – Expõe em Paris na Galeria Ror Volmar com apresentação de Géo-Charles.
1963 – Na Galeria de la Baume apresenta uma grande exposição com 50 obras, das décadas de 20,40 e 60; assina um contrato de exclusividade com a galeria e nomeia Géo-Charles seu representante. O contrato foi desfeito no mesmo ano em conseqüência da morte de Géo-Charles.
1964 – Envia para a Bienal de são Paulo vários quadros que são recusados pelo júri. Expõe na Galeria RG com prefácio de André Salmon 40 obras dos anos 40 a 60. O museu de Arte Moderna de Paris adquire Um copo de vinho, de 1925. De volta ao Recife, integra o grupo da Galeria Ateliê da Ribeira em Olinda.
1965 – É nomeado diretor de turismo da Prefeitura de Olinda e faz parte do Ateliê + 10, com João Câmara Filho, Wellington Virgolino, José Cláudio, Montez Magno, Anchises Azevedo e Maria Carmem, entre outros. Participa da exposição “Hommagem au poete Géo-Charles”, na Galeria de l’Institut, em Paris.
1966 – É nomeado professor do Instituto de Arte de Brasília, diretor da gráfica piloto e supervisor do Departamento de Artes Industriais. Realiza uma exposição no Museu de Arte de São Paulo. Participa de coletiva de artistas brasileiros radicados na França na Galeria Debret, em Paris.
1967 – Participa de coletiva na Galeria Kátia Granoff e de uma individual na Galeria Debret, com apresentação de Jean Cassou e Claude Aveline. Dirige a seção Turismo do Correio Braziliense. Participa da mostra Artists of the Western Hemisphere – Precursors of Modernism, 1860-1930, no Center of Inter-American Relations, de Nova York, com quadro, “Tênis” de 1929.
1968 – Em Paris organiza o XVI Salão de Poesia, em Brasília seu ateliê é invadido e várias obras destruídas.
1969 – Sua poesia Mon onde... é incluída no Livre d’or de la poésie française, editado por Pierre Seghers. Expõe obras recentes na Galeria Ranulpho no Recife com apresentação de Gilberto Freyre. No Rio, expõe na Galeria Barcinski, apresentado por Walmir Ayala.
1970 – Participa da Pré-Biena-Nordeste no Recife. Expõe novamente na Galeria Ranulpho. Morre de enfarte em 5 de junho no Recife, quando se preparava para viajar para o Rio de janeiro, a fim de participar da exposição “Resumo”, mostra das dez melhores exposições do ano de 1969 – patrocinada pelo Jornal do Brasil, no Museu de Arte Moderna.
3 comentários:
Olá, Ediel. Na internet seu blog foi o que até agora me deu mais informações sobre Vicente do Rego Monteiro. Gostaria de saber qual bibliografia foi usada, ou se foi uma pesquisa sua. Estou interessada em achar mais estudos sobre esse artista.
Grata.
Raissa
A couple of corrections: since I own a copy of the book written in 1923 - Legendes Croyances et talismans des indiens de l'Amazone - the author of the text was Pierre-Louis Duchartre (you spelled Ducharte), and there were at least 500 copies printed, some say 600, but mine is marked "451". Thanks for your information on Monteiro, who did the art noveau artwork.
Boa tarde, meu nome é José Luiz e gostaria de saber mais informações sobre a pintura de Vicente do Rego Monteiro "Fuga para o Egito"
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